sábado, 24 de dezembro de 2011

Microconto de natal

Chegamos a pouco do clube. Estávamos brincando no parquinho eu, a Helena, uma garotinha (chamada Lu) de uns dois anos de idade e a babá dela.

As duas pequenas estavam fazendo a maior farra com a água. E cabia a mim e à babá reabastecer os baldinhos das duas, infinitas vezes. Todas nos divertíamos.

A Helena me chamava "mamãe", cada vez que queria mais água. Chamou duas, três vezes, até que a Lu começou a me chamar de mamãe também. A babá dela interferiu: "Lu, ela não é a sua mãe, porque você está chamando ela assim?".

Eu ri, a Lu virou muito séria para a Helena e perguntou: "amiga... você me empresta a sua mãe?". Lelê fez que sim com a cabeça, todas demos risada e Lu seguiu me chamando de mamãe.

E com esse pequeno conto do parquinho, que no fim acaba sendo uma fábula sobre compartilhar o que é importante, venho desejar um super feliz natal para você que vem aqui me visitar.

Compartilhemos o que é importante.

Beijo.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A minha (não) dica

E lá estou eu de novo no Mamatraca, dessa vez dando palpite sobre como cuidar de um recém-nascido.

Confesso que sou aquela pessoa que vai deixando tudo para depois... então deixei para aprender a cuidar da Helena depois que ela nasceu.

E não é que deu tudo certo, ela está vivinha da silva e aparentemente não sofreu nenhum dano psicológico, pelo menos da categoria dos irreparáveis?

Quer saber como consegui essa mágica? Vai  ver!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sobre partos e escolhas

Tenho um segredinho para contar: sou médica. Shhhhhhhh... não espalha. Pertenço a essa classe horrenda que, de acordo com muitos textos que leio nos blogs por aí, está unida com o único objetivo de impedir que as mães tenham seus partos normais e amamentem seus bebês até quando elas quiserem.

E, para ser sincera, sempre tive muita preguiça mesmo de entrar no assunto "parto", porque sei das reações extremadas que ele causa. Mas sinto que chegou a hora. Porque tenho lido muita, mas muita bobagem por aí. Opinião pessoal travestida de informação. Leitura errada - ou incompleta - de estatísticas. Ataques aos médicos como classe, e não àquele médico específico que agiu como um imbecil (e infelizmente existem muitos deles, é fato. Mas não é só porque existem médicos mal intencionados que TODOS os médicos são mal intencionados, concorda?).

Até o quarto ano da faculdade eu queria ser obstetra, mas por sorte desisti desta opção, escolhi outra especialidade e vivo bem satisfeita com ela. Mas, por conta do interesse pelo assunto (que, obviamente, se tornou maior ainda quando decidi engravidar), leio muito sobre ele. Muito mesmo. 

Depois de tanta leitura e tanto estudo, pessoalmente acho que o parto normal é a melhor opção para o nascimento de uma criança. É o que escolhi para mim e o que respondo quando alguém me pergunta a minha opinião. Mas acredito muito, mas muito MESMO no direito de escolha da mulher. No direito que ela tem sobre o próprio corpo. E me incomoda DEMAIS quando alguém se sente no direito de escolher por ela, julgar ou criticar as escolhas alheias. Me irritam até mesmo as pessoas que chegam cheias das "melhores intenções" e dizem: vou te convencer a fazer tal coisa. Acho isso errado, errado.

Porque eu acho que a liberdade é resultante direta da informação. Falando especificamente de via de parto, quanto mais informada esta a mulher, mais livre será a escolha dela. E, acreditem, tem MUITA gente que, mesmo sabendo que a cesárea tem uma chance maior de algumas complicações tanto para a criança como para a mãe, ESCOLHE esta via de parto. Vamos respeitar? Cada um conhece os seus medos, a sua vida e é responsável pelas suas escolhas.

No outro extremo, existem as pessoas que depois de muita leitura e informação escolhem parir em casa, naturalmente, sem anestesia, sem episio, sem médico por perto. Essas, se contam para os outros de sua opção, são bombardeadas com toda sorte de perguntas indiscretas, terrorismos e torcida contra. Repito a pergunta: vamos respeitar? Cada um conhece seus medos, seu corpo, sua vida e é responsável pelas suas escolhas.

E as informações erradas existem de parte a parte, viu? Da mesma forma que vários médicos maximizam os riscos do parto normal para empurrar uma cesárea (quero deixar BEM claro que SOU COMPLETAMENTE CONTRA esta conduta), já vi vários riscos do parto normal e especialmente do parto domiciliar serem minimizados por ativistas do parto normal.

Tudo isso para dizer que a Fernanda, que é uma amiga muito querida e obstetra mais que competente, super comprometida com o trabalho dela (se ela não morasse em Portugal, meu parto teria sido com ela; mas como ela está lá, ela me indicou uma outra amiga nossa, que é obstetra da confiança dela para acompanhar minha gravidez) se animou a escrever sobre parto. Quer informação de qualidade de quem entende do assunto? Clica aqui. Eu e ela já conversamos sobre muita coisa que lemos por aí, e em como pode ser perigoso confiar unicamente nos "Dr. Google". E agora, depois de muita torcida minha, ela resolveu entrar no assunto.

Vamos lá pedir para ela continuar a "série"?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dúvida de etiqueta

Amigas, preciso de uma ajuda...

O que dar de presente para as professoras da Helena no natal, hein?

No dia das professoras dei uma caixa de chocolates e não queria repetir o presente... aí fico pensando que bijuteria, maquiagem, essas coisas são muito muito pessoais e eu não tenho idéia do gosto delas, que estão sempre de uniforme quando as encontro.

Pensei em fazer alguma coisa eu mesma, mas meus dotes culinários não vão além do brigadeiro... será que uma caixinha com eles não é meio mixo demais?

Me ajudem? Me dêem idéias? Me abracem?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O pesadelo e o presente

Em um dia destes, no meio da madrugada, ouço barulhos no quarto da Helena. Chegando lá, ela está se debatendo, como se estivesse tentando escapar de alguma coisa, e gritando não não. 

Um segundo depois, começa a chorar, assustada. Pego a pequena no colo, digo que estou ali. Mas ela chora, chora, claramente assustada. Levo para a minha cama e ela demora a se acalmar.

Tinha lido que nesta idade as crianças começam a ter pesadelos, e acho que foi isso o que aconteceu. Agora a dúvida é: qual será o conteúdo deste pesadelo? O que será que assusta a minha pequena? Fiquei muito curiosa, formulei algumas possibilidades, mas acho que a resposta... nunca terei.

Qual será que é o pesadelo dos bebês?


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O feriado foi delícia, fomos para a praia e curtimos o quanto deu, voltamos mais cedo por causa da chuva.

Chegando em casa, descubro que tem uma surpresa para mim... fui sorteada no Minha mãe que disse e agora a pequena vai poder curtir três brinquedos diferentes! Adorei!

Obrigada Roberta e Flavia!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O arco-íris tem sete cores!














                                               Porque temos que nos limitar a uma só???


O Fernando, lá em Porto Alegre, também tem uma infância colorida:



Seu filhote também está livre da ditadura azul-ou-rosa? Me conta!

UPDATE: Olha quanta criança linda colorindo o mundo por aí:

A Vuvuzelinha da Renata, veio disfarçada mostrar para a gente que nem toda princesa precisa vestir cor-de-rosa para ficar linda:


A Gabriela é filha da Eliara, uma leitora muito querida, e também espalha muitas cores por aí:

 

E agora vamos passear por aí e ver quantas cores podem caber na mesma infância? Vem comigo!

Tem o Joaquim, com todas as cores evah.

A pequenininha da Cris (que fez toda uma retrospectiva colorida que me deixou babando!).

As crianças do meu dia a dia de mãe (muito a minha infância isso, tudojuntoemisturado)

A Ana Elisa, que pode brincar com seus carrinhos em paz (e ensinar os priminhos que menino também brinca de Barbie).

A Isadora é fã dos Power Rangers

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Fico muito, muito contente em ver tantas mães plantando uma sementinha contra o preconceito e este jeito binário de criar as crianças.

Que eles sejam crianças coloridas e virem adultos de mente arejada que espalham muitas cores por aí!

Obrigada gente 




quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Por uma infância colorida - parte II

Gente, estou muito muito feliz com a repercussão que o post de ontem teve.

E, principalmente, porque tem muito mais gente que se revolta tem uma visão crítica a respeito desta ditadura das cores e das brincadeiras.

Quer ver?

Tem a Sylvia, que reflete sobre essa questão, inclusive, no trabalho dela. E está determinada a ajudar a acabar com este preconceito que existe hoje. Sylvia, vem trabalhar na escola da Helena?

A Dione já tinha reclamado na semana passada sobre o mundo monocromático das meninas.  Que baita coincidência, amei.

A Ivana sabe que brinquedos são objetos de experimentação e conhecimento e nem pensa em limitar o acesso a eles por parte de seus filhos.

E a Ká Smith, que já acorda linda (rá!), foi além e deu tapa na cara da sociedade vestindo a linda Chloe de azul no primeiro dia de vida da pequena.

A Cris se encheu com vendedoras-ditadoras mala e contou de um jeito que expressa exatamente o que eu penso. 

Você também escreveu sobre isso? Me conta!

E amanhã espero ver um monte de criança linda e colorida por aí. Não esqueçam de me avisar!



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Por uma infância colorida

Eu acho que a infância - especialmente a primeira infância - é a única época da vida em que somos verdadeiramente livres.

Não existe a preocupação em agradar ninguém, não temos compromisso com nada, nenhuma obrigação. A criança deveria se ocupar somente brincando. Com o que tem a mão: brinquedos simples, as panelas de casa, terra, brinquedos sofisticados, pedaços de papel, restos de madeira, um pouco de barbante. Qualquer coisa é terreno para as mentes férteis destes pequenininhos.  

E o que os adultos vão lá e fazem? Proíbem os meninos de brincarem com os carrinhos de boneca das amiguinhas. Determinam que as meninas não podem ter mesinhas de carpintaria nem brincar de carrinho. Falam que boneca é brinquedo de menina - ou de gay (!). 

E pintam o mundo com apenas duas cores: rosa para as meninas, azul para os meninos. A partir do momento em que nascem até sabe lá D'us quando, as meninas estão condenadas a se vestir de rosa e os meninos, de azul. Meninas só podem beber água em copos cor de rosa, brincar com panelinhas pink, dormir em berços rosinha, tudo isso de preferência adornado breguissimamente com muitos brilhos, plumas e purpurinas.

Já os meninos estão condenados a chupar chupetas azuis, calçar sapatos azuis, andar em carrinhos azuis. Obviamente, todos estes objetos serão "adornados" com tenebrosos personagens ultra-agressivos, animais débeis mentais e carros bizarros. Afinal, menino tem que virar macho, brincar de luta e chutar bola (menina não pode chutar bola, a não ser que seja uma bola fofinha com a estampa da Barbie).

Qual a mensagem que isso tudo transmite? Muito simples: as meninas devem se comportar como princesas acéfalas, ocupadas com os afazeres domésticos e sempre à espera de seus príncipes encantados, aqueles bravos guerreiros que lutam contra todos e, ao chegar em casa, esticam os pezinhos sobre a mesa de centro e fingem que não escutam a princesa lavando a louça ou cuidando do bebê.

Eu sou exagerada e radical? Acho que não. O que eu acredito é na inteligência e na esperteza das crianças. Elas captam tudo o que acontece ao redor delas. Não só o que é falado, mas todas as ações. E vão armazenando tudo em um lugarzinho danado do cérebro, chamado subconsciente. E este tal de subconsciente escolhe cada jeito matreiro de se manifestar...

Por isso pergunto: cadê as outras cores, gente? Onde está o amarelo, o verde, o marrom? O que fizeram com o vermelho, com o roxo, com todas as variações do bege? Porque as crianças não podem usar roupa laranja, passear em carrinhos prateados ou brincar com bolas coral? Porque os meninos não podem brincar de bonecas / panelinhas e as meninas não podem bater carrinhos uns contra os outros?

E, principalmente, porque as meninas não podem vestir azul e os meninos não podem andar de rosa?

Se você tem estas dúvidas, eu te convido a postar, na sexta-feira agora (dia 11), uma foto mostrando que o seu filho tem sim, direito a uma infância colorida. Não precisa de grandes textos, nem de grandes explicações. Apenas uma foto (ou várias, se quiser), mostrando a infância colorida de suas crianças. Me avise que a gente junta todo mundo. 

Vem comigo?

Update: se você não tem blog mas mesmo assim quer mostrar que seu filho - ou filha - tem uma infância colorida, pode me mandar a foto que eu publico aqui! Se manifeste nos comentários que a gente combina. Vou adorar ter outras crianças lindas por aqui. Vem, gente!

Update II: a Kira também deixa a Beatriz brincar em paz

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sapeca

Chego ao trabalho e sinto um volume estranho no bolso da saia que estava usando.

Coloco a mão e tcharam... três gizes (tá certo isso?) de cera. Enormes.

Como eles foram parar lá?

Mistééééério

Eu estou aqui lendo meu livro, não tenho nada com isso...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Brinquedo tem gênero?


Até quando?


E a "polêmica" do dia aqui no prédio é o garotinho de TRÊS anos que foi impedido pelo pai de empurrar os carrinhos de bonecas das meninas (minha filha inclusive) porque isso não é brincadeira de macho. 

Coloco polêmica entre aspas porque todo mundo achou normal - menos eu e a mãe de um outro garotinho, de pouco menos de dois anos, que não vê mal nenhum no fato de seu filho tomar parte nestas brincadeiras. E ficou, assim como eu, chocada com essa história de tolher as brincadeiras de uma criança de TRÊS ANOS, com o objetivo de transformá-lo em um verdadeiro macho.

Eu particularmente acho um crime - e um desserviço - que os meninos sejam impedidos de brincar com bonecas. Bonecas são brinquedos que, na minha visão de leiga, estimulam a expressão da afetividade, do cuidado. Qual é o problema em um menino ser "treinado" nestas questões?

Sou pouco mais que dois anos mais velha que meu irmão. A vida toda, em casa, brincamos juntos. Com as minhas bonecas e os carrinhos dele. E nem por isso ele virou menos macho (quer dizer, espero que ele não se comporte como um macho na acepção que este pai aparentemente tenta dar ao termo) ou eu, menos fêmea (sim, o feminino de macho é fêmea, pai preconceituoso. Lembre de falar nestes termos quando for tentar impedir sua filha de brincar com carrinhos).

Brinquedo é brinquedo, eu acho. Mas parece que sou uma das poucas que pensa assim. Porque o senso comum determina que as meninas continuem presas para sempre no mundo cor de rosa das princesas malas, enquanto aos meninos só são permitidas as variações do azul e dos carros, animais, armas e bonecos agressivos. Quanto reducionismo!

Quando a Helena fez aniversário, ganhou alguns brinquedos repetidos. Juntei todos e fui à loja trocar. Escolhi algumas coisas que ela não tinha, gosta e eu acho interessante: alguns carrinhos (ela sempre AMOU brincar com os carrinhos dos meninos aqui do prédio); um controle remoto de brinquedo, preto, bem parecido com o de verdade (beijo para o gênio que inventou isso); um tamborzinho / xilofone e uma mini-mesa de carpintaria.

No caixa, a moça separou os carrinhos e a mini-mesa de carpintaria e decretou esses são para presente, né? Eu disse que não, e ela me perguntou se eu tinha dois filhos. Neguei de novo, e ela me disse que tinha entendido que eu tinha uma menina. Eu disse que era sim, uma menina. E que aqueles brinquedos eram para ela. Como resposta, obtive dois olhos espantados e uma expressão de horror mas a senhora vai levar carrinhos e uma mesinha de carpinteirO para a menina??????

Apenas respondi que sim e encerrei o assunto, porque não tenho que prestar contas da minha vida nem de como educo minha filha para uma desconhecida. Mas saí pensando no assunto.

E agora, com a proibição do garoto de brincar com os carrinhos de bonecas, tive a confirmação: as pessoas (os adultos, porque as crianças nunca estiveram nem aí com isso) acham que brinquedo tem, sim, gênero. Que brincar com os objetos pertencentes ao gênero "errado" pode interferir no desenvolvimento da sexualidade das crianças (oi?).

Fico espantada de verdade - e muito desanimada - com isso. Mais uma geração de pais perde a oportunidade de criar filhos mais abertos, com menos preconceito. Vejo lá na frente mais uma geração de mães reclamando que "meu marido não ajuda com as crianças e a casa". A nossa geração, que tem essa reclamação hoje, está perdendo a chance de mudar o futuro.

Muito triste.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Constatação do dia

Estes dias, pensando em malcriações, educação, machucados e similares, lembrei de mim mesma há um ano, em pânico, achando que a vida nunca mais "voltaria ao normal" e pensando nooooooossa, como é difícil cuidar de uma recém-nascida.

Hahahaha, Dani de um ano atrás. Como você é bobinha.

Manter a criança viva, que é o que a gente no fim das contas faz no primeiro ano de vida, é a parte mais fácil! 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Susto

Ontem, às vésperas de completar quinze meses de vida, a Helena visitou pela primeira vez um pronto-socorro (a enfermeira custou a acreditar quando eu disse que era a primeira vez que ela ia a em PS e que eu não sabia se ela era alérgica a medicamentos simplesmente porque só tomou Tylenol uma ou duas vezes na vida). Um minuto de distração, uma mãozinha curiosa, uma tampa quente do forno... e habemus uma queimadura.

Não sei o que mais me angustiou: os intermináveis quinze ou vinte minutos que se passaram entre o telefonema ela queimou a mãozinha e ela no meu colo (quando eu pude constatar que sim, era verdade, era uma queimadura pequena, e não as tragédias que imaginei neste interregno) ou ver minha filha chorando e sofrendo daquele jeito - porque gente... queimadura de formar bolha e tudo na mão dói que é a peste!

Enfim, ela foi atendida, medicada, curativada. Exausta, capotou quando chegou em casa e... acordou com tudo. Brincou com a molecada e ficou tentando comer o curativo (gigante!) da mãozinha.

E entendi o que as mães sempre dizem: eu sentiria, feliz, a maior dor de todas as dores do mundo... se isso pudesse livrar minha pequena daquele sofrimento.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Medrosa é a mãe


imagem: wikipedia


Depois de escrever o post de ontem, fiquei pensando nos meus próprios medos.

É claro que tenho aqueles medos normais de todo mundo: de ficar doente, de ver alguém querido sofrer, da violência urbana e todo aquele etc. que você deve conhecer muito bem.

Tenho também aqueles medinhos mais tontos particulares, do tipo injeção, roda-gigante (roda gigante na verdade pode entrar no quesito pavor).

Agora medo, medão, pânico MESMO, nível nem gosto de pensar nisso (mas penso e fico me sentindo mal toda vez que isso acontece) é de morrer. Dã, você vai dizer. Morrer é mesmo a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa.

Sim, concordo. Acontece que antes de ser mãe, eu tinha, obviamente, medo de morrer. Acredito que morrer não seja algo que as pessoas estejam dispostas a fazer. E eu era assim, como todo mundo. Mas, caso eu morresse, o que ia acontecer? Minha mãe ficaria com certeza muito triste, meu marido (espero) sentiria a minha falta e o meu chefe teria um chilique me mandando ressucitar imediatamente e só morrer de uma vez depois de entregar todo o trabalho que eu estava tocando. Mas nada mais que isso.

Mas depois da Helena... gente. Se eu morrer, ELA VAI CRESCER SEM MÃE!

Pensa no quão horrível isso pode ser! Uma menininha crescer sem mãe.

E aí me bate uma série de medos relacionados: vai que eu moro e meu marido casa com uma mulher que não gosta dela? Ou pior... que é fofa com ela na frente dele mas a maltrata escondido? E ela uma pequenininha que não sabe se defender. E se meu marido surta e impede meus pais de verem a neta?

E, sem mãe, para quem ela vai contar quando acontecer a primeira menstruação (gritar mããããe da privada, assustada/espantada com a situação, quem nunca?)? E em qual ombro vai chorar o primeiro coração partido? Quem vai organizar as festinhas de aniversário dela? Para quem ela vai ligar para contar que está grávida? Para quem ela vai correr quando tudo der errado? Em quem ela vai pensar quando precisar ouvir que sim, ela é a pessoa mais incrível que já pisou na face da Terra? Quem vai levá-la para NY pela primeira vez? Quem vai explicar que, definitivamente, não se deve sair de casa sem um brinco?

Fora o tanto de cupcake, bala e chocolate antes da hora que iam dar para ela, não é verdade?

Definitivamente, eu não posso nem pensar em morrer. Não nos próximos 30, 35 anos no mínimo.